
A cidade de São Romão, no Norte de Minas Gerais, voltou a liderar o ranking das temperaturas mais altas do país. Na terça-feira (11/3), os termômetros marcaram 38,2ºC, a maior do Brasil naquele dia, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Mas para os moradores, esse calor extremo não é uma novidade.
Com pouco mais de 10 mil habitantes, São Romão está acostumada ao calor constante. No entanto, os efeitos continuam sendo sentidos. A população evita andar a pé nas ruas durante o dia e faz uso frequente de sombrinhas para se proteger do sol forte. Em busca de alívio, muitos recorrem ao Rio São Francisco ou a piscinas da região.
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente e coordenador da Defesa Civil, José Luiz Silveira, apesar da adaptação, o impacto sobre a saúde é considerável:
“Apesar desse costume, o calor afeta muito a nossa população. O movimento na ‘praia’ do Velho Chico aumentou muito nesta semana.”
O clima severo representa risco principalmente para crianças e idosos. A incidência de doenças como desidratação, infecções respiratórias e quadros agravados por calor extremo preocupa a administração pública local.
Além disso, o aumento de casos de dengue reforça o alerta. Só em março, Minas Gerais registrou 10 mortes pela doença, e a cidade segue em monitoramento constante.
Mesmo com chuvas acima da média entre outubro de 2024 e março de 2025, São Romão enfrenta problemas no abastecimento de água. Seis comunidades rurais dependem de caminhões-pipa. A prefeitura conta com apenas um veículo para essa finalidade, o que torna o atendimento insuficiente.
“Temos apenas um caminhão-pipa para atender todas essas localidades. É uma situação muito difícil”, afirmou José Luiz Silveira.
O calor persistiu também na quarta-feira (12/3), com sensação térmica de 38ºC no final da tarde. A previsão do Inmet não indica melhora nos próximos dias. Até domingo (16/3), a cidade seguirá com céu parcialmente nublado, ventos fracos e temperaturas entre 36ºC e 38ºC.
Enquanto o Norte do estado permanece sob calor intenso, outras regiões devem ter pancadas de chuva típicas de verão, especialmente no Oeste, Sul e Triângulo Mineiro. A previsão é de chuvas entre 20 e 50 mm/dia, com possibilidade de rajadas de vento entre 40 e 60 km/h em áreas isoladas.
Mesmo habituados às altas temperaturas, os moradores de São Romão vivem em constante estado de atenção. A adaptação à rotina de calor extremo tornou-se parte da cultura local, mas os efeitos do clima continuam a desafiar a saúde pública, a infraestrutura e a qualidade de vida.
O “supercalor” parece não dar trégua — e a cidade precisa seguir resistindo, dia após dia.
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